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2012-07-18

Água


O líquido delgado e transparente
Com que o barro amassou o Autor sob’rano,
Da insigne construção do corpo humano,
Que temperas do home o fogo ardente!


Quando a chama se ateia em continente
Tu corres a sustar o nosso dano:
Tu desabafo és do mal tirano,
Que ataca o coração, soltando a enchente.


Quando tu pelos poros és filtrada,
Água que o fogo aquece, a calma fica
Da máquina acendida, refrescada.


Porém, quando o suor gela na bica,
Quando o frio te torna condensada,
Nossa queda final se verifica.


Francisco Joaquim Bingre (Portugal, 1763 — 1865)

Créditos
Foto: Water can be art, por José Carlos Norte (Flickr).

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