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2012-07-30

Ética universal, ética integral, ética da compaixão - Parte I

Artigo de opinião de Daniela Velho
Jurista e Membro do Conselho de Jurisdição Nacional do PAN



Mudança de paradigmas – Transcender o radicalismo antropocêntrico

A forma como, em geral, se encara a questão da relação dos homens com os animais não humanos e com a natureza é fruto de visões políticas, filosóficas e religiosas decisivas que se foram impondo ao longo da história e encontramo-nos, nos dias de hoje, assim como nos encontrámos no passado, limitados pela influência e impacto que as mesmas têm, ainda que de forma não explícita, na nossa vivência quotidiana. 
Apesar da ideia relativamente generalizada de que o homem é superior a todos os restantes seres porque provido de uma racionalidade única e, como tal, possuidor do direito de dispor de uma forma (relativamente) livre de tudo quanto existe, na perspetiva de que o que existe é para o servir, é inegável que as preocupações quer ecológicas quer pelo estatuto dos animais têm crescido exponencialmente e provocado nos últimos tempos debates cada vez mais acesos e emotivos.
Assim, se por um lado assistimos nos dias de hoje a uma exploração cruel e sem precedentes dos animais e da natureza, fruto de uma sociedade de consumo cada vez mais exigente, impiedosa e voraz, assistimos, por outro, a um positivo e frutuoso florescer de uma certa preocupação ética que se vai impondo paulatinamente mas, crê-se, de forma irreversível.
Torna-se cada vez mais evidente a importância de transcender o radicalismo antropocêntrico centrado em paradigmas de superioridade da espécie, autonomia e razão triunfante que ainda governa as nossas visões do mundo e onde a bioética, enquanto ciência transdisciplinar e dinâmica em busca de novas abordagens éticas para as questões da humanidade (que são cada vez mais as questões de tudo e todos) tem o papel decisivo e pioneiro de desbravar o terreno onde renovadas, frutuosas e inspiradoras ideias possam referenciar o comportamento do homem perante os seus semelhantes, numa nova, inclusiva, não discriminadora e abrangente relação de humanidade.
Nestes tempos de mudança assiste-se ao aumento da consciencialização sobre a crise global instalada que é fruto das crises humana, ecológica e animal, todas elas dialogantes e interdependentes e ao emergir de uma revolução de paradigmas com a imposição de novos modelos de pendor mais relativista que respondem às novas exigências éticas de comunidades cada vez mais informadas, esclarecidas, cooperantes, solidárias e compassivas, de novos hábitos e fortes convicções e que integram esta nova dinâmica evolutiva tão aberta e consciente quanto inevitável e irreversível.

Reformulação de princípios e deveres éticos e jurídicos na questão animal

Mais do que nunca se impõe uma reformulação dos princípios e deveres éticos e jurídicos que se adeque a uma nova inteligência civilizacional e que é acompanhada e promovida por um debate intenso e vibrante sobre o tratamento ético das restantes formas de vida que connosco partilham o espaço planetário.
No que toca à situação específica dos animais assiste-se também a um florescimento dos estudos dedicados à causa, que propõem diferentes abordagens quanto à necessidade, âmbito e amplitude da consideração do estatuto moral ou jurídico do animal e que têm tido uma importância decisiva para a abertura e ampliação da discussão sobre o tema e para a sua inclusão no quadro das modernas preocupações éticas.
Contudo, de uma certa perspetiva, os esforços feitos por alguns dos pensadores nesta área, de particularização e construção de complexos e sofisticados modelos de pensamento, que visam justificar (ou não) uma atitude mais ética do homem em relação ao animal parecem limitar uma compreensão integrada da realidade contribuindo muitas vezes para tornar mais sofisticada a nossa ignorância sobre a riqueza desse mundo fenomenológico que, entende-se, não poderá ser compreendido se abordado de uma forma particularizada.
Nesse sentido cabe questionar se as tão proclamadas qualidades distintivas do homem, de reflexão e autoconsciência, não constituirão verdadeiros obstáculos ao conhecimento sobre a essência das coisas, quando desvirtuadas da forma como aparentemente o são na construção de aparatosos e soberbos modelos que pensamento que parecem afastar-nos cada vez mais da nossa preciosa e essencial animalidade e consequente compreensão natural e instintiva do mundo.

Perspetiva antropomórfica no tratamento da questão animal – Especismo entre espécies – e inefabilidade

Torna-se, ainda, crucial que não esqueçamos algumas das nossas mais óbvias limitações no que toca à perceção do mundo do qual somos parte integrante. 
Assim, além da já referida influência antropocêntrica que domina, em geral, o nosso modo de pensar o mundo (o homem no centro de tudo, tudo existindo para o servir) deveremos também ter uma especial preocupação com as tendências antropomórficas no tratamento da questão animal.
Mesmo no âmbito da defesa da causa animal é muito frequente que nos deixemos apanhar na teia das construções antropomórficas, abrindo a nossa empatia apenas aos seres que connosco parecem partilhar de forma mais inequívoca algumas das características que mais admiramos em nós próprios. E, por isso, lutamos para englobá-los numa esfera de moralidade e juridicidade que determinamos não ser extensível a outros seres com características distintas.
Como se a magnificência dos animais pudesse alguma vez estar subordinada à sua verossimilhança com a condição humana ou, dito por outras palavras, como se os seres vivos fossem mais dignos de consideração quanto mais se aproximassem das formas de vida tradicionalmente consideradas “superiores”, neste caso a nossa!
Essa será, de uma certa perspetiva, mais uma forma de arrogância especista, embora feita não já entre homens e outras espécies mas entre diferentes espécies. 
Caberá nestes casos perguntar como podemos nós de uma forma sensata e intelectualmente honesta continuar a pensar e a agir como se ocupássemos o topo da “Cadeia do Ser” num mundo de incontáveis miríades de seres viventes, cujo conhecimento e compreensão não podemos sequer almejar alcançar se olharmos de uma forma franca para as inúmeras limitações de que somos portadores na nossa condição de seres humanos.
Apresenta-se como um imperativo ético não fazer depender a integração dos seres num espaço moral que lhes propicie o direito ao atendimento dos seus interesses, da constatação e comprovação inilidível do grau de sofisticação dos seus estados de consciência. 
Por um lado, porque como acima se referiu isso significaria utilizarmos a condição humana como parâmetro para aferição do grau de consideração a dispensar aos restantes seres, o que se mostra necessariamente limitado. Por outro lado, qualquer tentativa que se faça de compreensão desses estados de consciência tem necessariamente uma natureza frágil e transitória que deverá ser aberta à problematização, refutação e reformulação. O conhecimento humano está em constante transformação e é indispensável contarmos com as nossas inevitáveis limitações cognitivas no conhecimento integral dos fenómenos que com toda a probabilidade escapará mesmo às nossas mais empenhadas e diligentes tentativas.
A este respeito considera-se que cometeremos um erro grosseiro se pretendermos alcançar todo o significado ou conteúdo da consciência do outro, seja ele que outro for, esquecendo os muitos filtros mentais, emocionais e sensoriais que possuímos, não só os comuns à nossa espécie como os nossos próprios enquanto indivíduos. Ou seja, pode, com toda a probabilidade, não ser possível descrever o mundo visto pelos olhos de um animal não só por impossibilidade nossa de o apreender em toda a sua significação como também por eventual impossibilidade de o descrever ainda que pudesse ser por nós apreendido.



Créditos
Foto: Fabulous fluid floral flairs, por Steve Wall (Flickr).

2012-07-28

DividOcracia


Documentário que revela a crise econômico-social pela qual passam os países periféricos da União Europeia, em especial a Grécia. Vemos como as políticas econômicas neoliberais impostas pelos agentes financeiros da UE levam à bancarrota os países de sua periferia e os deixam maniatados às decisões das grandes corporações financeiras extranacionais. O interesse primordial é sempre a defesa dos ganhos dos grandes grupos financeiros dos países mais fortes, principalmente da Alemanha, em detrimento das maiorias populares dos países de segunda linha como Grécia e Irlanda.

Duração: 1h14m



O filme também nos mostra que é possível enfrentar com êxito às pressões dos aparelhos a serviço do capital financeiro mundial (FMI, Banco Mundial, etc.) quando os governantes do país ameaçado têm suficiente dignidade para colocar em primeiro lugar a satisfação das necessidades de seu povo, e não a obsessão por lucros dos magnatas financeiros. É o caso do Equador dirigido por Rafael Correa.

Este documentário expõe a crueldade que move o neoliberalismo em seu afã por ganhar cada vez mais às custas do sacrifício de todos os demais setores da população. Ele também deixa claro que, com a decidida mobilização das maiorias populares, o monstruoso aparato financeiro pode ser derrotado.


2012-07-27

Turistas britânicos alimentam comércio ilegal de elefantes entre Burma e Tailândia

Elefante bebé a ser torturado por um trabalhador
UK tourists fuelling brutal live elephant trade between Burma & Thailand é o nome de uma reportagem publicada pelo The Ecologist na passada segunda-feira. A realidade é arrepiante. Além dos problemas ambientais que a captura de animais selvagens tem, o tratamento a que estes animais são sujeitos é brutal e cruel. É triste (tão triste) que um só indivíduo de uma espécie, que partilha connosco o o hábito do culto dos seus mortos, seja, sem quaisquer escrúpulos, objetificado e instrumentalizado para dar uns minutos de prazer a uns e umas míseras moedas a outros.
Precisamos aprender a olhar com maior empatia os nossos irmãos não humanos.
Deixo aqui o vídeo que é chocante; a notícia completa, não menos chocante, pode ser consultada aqui.


Créditos

2012-07-26

Reforma eleitoral

No dia 24 deste mês, há dois dias, publiquei aqui um artigo intitulado Defendendo uma maior biodiversidade parlamentar que apelava a que consultassem o sítio da iniciativa de que visa introduzir algumas alterações na Lei Eleitoral de forma a que a Biodiversidades das espécies políticas presentes na Assembleia da República pudesse ser incrementada. Sem querer insistir demasiado neste assunto, optei por deixar hoje o vídeo de divulgação desta petição e as hiperligações para se poderem esclarecer e assiná-la.


Diplomas a alterar

Esta iniciativa implica a alteração da Lei Eleitoral para a Assembleia da República (Lei n.º 14/79, de 16 de maio), nos seguintes artigos:
- Artigo 12.º (Círculos eleitorais)
- Artigo 13.º (Número e distribuição de deputados)
- Artigo 23.º (Apresentação de candidaturas)


§

Proposta Formal de Alteração Legislativa

Artigo 12.º
(Círculos eleitorais)

1. Para efeitos de eleição dos deputados à Assembleia da República, o território nacional, abrangendo Portugal Continental e as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, corresponde a um círculo eleitoral, com sede em Lisboa.
2. Revogado
3. Revogado
4. Os eleitores residentes fora do território nacional são agrupados num círculo eleitoral, com sede em Lisboa.


Artigo 13.º
(Número e distribuição de deputados)

1. O número total de deputados é de 181.
2. O número total de deputados eleitos pelo círculo eleitoral do território nacional é de 177.
3. Ao círculo eleitoral dos residentes fora do território nacional correspondem quatro deputados.
4. Revogado
5. Revogado
6. Revogado


Artigo 23.º
(Apresentação de candidaturas)

1. A apresentação de candidaturas cabe aos órgãos competentes dos partidos políticos.
2. A apresentação faz-se até ao 41.º dia anterior à data prevista para as eleições, perante os juízes do juízo cível de Lisboa.
3. Revogado
4. Revogado




2012-07-25

Financialização da Natureza

Este pequeno vídeo, como a duração de pouco mais de seis minutos, mostra como o mundo da alta finança aproveita a crise financeira para se apropriar de bens essenciais e explora os recursos planetários muito além das suas capacidades, e procura estabelecer um preço para os "Serviços" prestados pelos ecossistemas e, claro, quem sai a ganhar são os acionistas, não são as pessoas nem o mundo natural.
Mais uma denúncia da falácia da Economia Verde.
O vídeo é narrado em inglês e não tem legendas em português. No final do vídeo surge um endereço para o sítio Make Finantion Work, contudo tem um erro porque aparece com a extensão .com  onde deveria aparecer .org. Para aceder ao site deverá digitar www.makefinancework.org na barra de endereços do seu navegador ou simplesmente usar as hiperligações deste artigo.


2012-07-24

Defendendo uma maior biodiversidade parlamentar


A questão da perda biodiversidade está na ordem do dia em ecossistemas tão diversos como florestas tropicais, tundra ártica e desertos subtropicais; mas, a pouca biodiversidade parlamentar raramente é um assunto referido. Com efeito, a falta de biodiversidade, no ecossistema Assembleia da República, é um problema tão grave como a perda de biodiversidade biológica e põe em causa o desenvolvimento e crescimento da democracia, centraliza decisões e mantém o poder nas mãos dos grandes partidos. Nas eleições legislativas de 2012, por exemplo, mais de meio milhão de votos perderam-se e não conseguiram qualquer assento na AR; meio milhão de portugueses não tem quaisquer representantes na Assembleia da República. As aberrações continuam: se considerarmos os votos globais dos emigrantes  portugueses verificamos que o PS teve mais votos que o PSD nas mesma eleições; contudo, o PSD conseguiu eleger três deputados e o PS apenas um. Esta situação deve-se à forma enviesada e injusta como os deputados são eleitos; organizada em círculos eleitorais — um por cada distrito, mais dois pelos emigrantes — esta estrutura deixa centenas de milhares de cidadãos sem expressão oficial.
O Partido pelos Animais e pela Natureza lançou hoje uma petição que visa alterar esta situação promovendo uma maior diversidade das espécies políticas que coabitam o ecossistema da Assembleia da República. Como a biodiversidade de um sistema é sinal da sua resiliência, convido todos os leitores a consultarem o website da apoio à petição e a assiná-la. Se quiserem saltar a tarefa de consultar o website, podem assinar a petição aqui.

Créditos
Foto: Sem título, por João Belard (Flickr).

2012-07-23

John Hardy: O meu sonho de uma escola ecológica

Junta-te a John Hardy numa visita guiada à escola ecológica, a sua inovadora escola em Bali que ensina criancas como construir, plantar, criar (e entrar na Universidade). O ponto central da escola é o Coração da Escola em forma de uma espiral, talvez um dos maiores prédios do mundo feito de bambo sem suporte.


Depois de vender a sua companhia de joias em 2007, John Hardy e a sua mulher Cynthia, enveredaram num projeto incrível: a Escola Verde no Bali. Na Escola Verde, as crianças aprendem em salas abertas cercadas por acres de jardins que eles mesmos cuidam e entretanto estão a ser preparados para os tradicionais exames escolares britânicos.
A escola é internacional — 20% dos alunos são do Bali, e alguns com direito a bolsa de estudos. A peça central do campo é o edifício espiralado apelidado de Coração da Escola, que é o maior edifício de bambu em toda a Ásia.
Há muito que Hardy defende o uso de bambu como alternativa à madeira para a construção e reflorestação.

2012-07-22

A Declaração de Cambridge sobre a Consciência*


A Declaração de Cambridge sobre a Consciência

Neste dia de 7 de Julho de 2012, um proeminente grupo de neurocientistas cognitivos, neurofarmacologistas, neurofisiologistas e neurocientistas computacionais reuniram-se na Universidade de Cambridgre para reavaliar os substratos neurobiológicos da experiência da consciência e comportamentos relacionados, em animais humanos e não-humanos. Ainda que a investigação comparativa neste domínio é naturalmente dificultada pela incapacidade de animais não-humanos, e frequentemente humanos, para clara e prontamente comunicarem acerca dos seus estados internos, as seguintes observações podem ser feitas inequivocamente:
  • O campo da investigação sobre a Consciência está a evoluir rapidamente. Novas técnicas e estratégias de investigação para animais humanos e não-humanos foram desenvolvidas em número abundante. Consequentemente, um maior número de dados é disponibilizado com mais facilidade, o que obriga a uma reavaliação periódica de preconceções que persistem neste campo. Estudos de animais não-humanos mostraram circuitos cerebrais homólogos correlacionados com a experiência e a perceção da consciência podem ser seletivamente acedidas e manipuladas para compreender se são de facto necessários à referida experiência. Além disso, novas técnicas não invasivas estão já disponíveis para mapear os correlativos da consciência nos humanos.

2012-07-21

2012-07-20

Tachos, panelas e outras soluções (Pots, pans and other solutions)

Pots, pans and other solutions
Na Islândia, o primeiro país europeu a sofrer uma crise económica, as pessoas ficaram conscientes de que podiam e deviam intervir na sociedade e começaram a exigir uma maior participação democrática.
O pagamento das dívidas dos bancos pelos cidadãos foi referendado. O governo foi forçado a criar um conselho para escrever uma nova constituição: um grupo de cidadãos — sem políticos, advogados ou professores universitários — que abriu a discussão a todos e conseguiu fazer aprovar por consenso uma proposta preliminar.
Na Islândia, muitos cidadãos estão organizados em associações e têm propostas substanciais para uma sociedade onde todos podem participar. Vamos conhecer os islandeses que os meios de comunicação se recusam a divulgar (legendado em português).


2012-07-19

Verdes Anos: História do ecologismo em Portugal {1947-2011}

O livro é de Luís Humberto Teixeira e, como o nome indica, conta-nos o que se passou com os movimentos ecologistas em Portugal nos últimos 64 anos. O autor começa por nos apresentar dois capítulos que clarificam o que se entende por movimentos verdes e as suas diferentes tonalidades e traça uma síntese da Europa Verde. Daqui parte para a análise da realidade portuguesa, iniciando-a em Agosto de 1947 com a carta que o poeta Sebastião da Gama em "desesperado apelo [dirige] a Miguel Neves, etomologista da Direção Geral dos Serviços Agrícolas, instando-o a salvar uma área natural da Serra da Arrábida que estava a ser destruída para alimentar de madeira um forno de cal" (p. 90).
A carta...
"Socorro! Socorro! Socorro! O José Júlio da Costa começou (e vai já adiantada) a destruição da metade da Mata do Solitário que lhe pertence. Peço-lhe que trate imediatamente. Se for necessário, restaure-se a pena de morte. SOCORRO!" (p. 90).

2012-07-18

Água


O líquido delgado e transparente
Com que o barro amassou o Autor sob’rano,
Da insigne construção do corpo humano,
Que temperas do home o fogo ardente!


Quando a chama se ateia em continente
Tu corres a sustar o nosso dano:
Tu desabafo és do mal tirano,
Que ataca o coração, soltando a enchente.


Quando tu pelos poros és filtrada,
Água que o fogo aquece, a calma fica
Da máquina acendida, refrescada.


Porém, quando o suor gela na bica,
Quando o frio te torna condensada,
Nossa queda final se verifica.


Francisco Joaquim Bingre (Portugal, 1763 — 1865)

Créditos
Foto: Water can be art, por José Carlos Norte (Flickr).

2012-07-17

Festival de Avallon


Festival de Avallon
Universdade de Verão
17 a 26 Agosto

Institut Karma Ling
Savoie
Com o patrocínio de:
Maria Joao Pires, Pierre Rabhi, Edgar Morin et Cheikh Khaled Bentounès.

Um espaço de festa e partilha

Tendo por pano de fundo um conjunto de concertos de grande qualidade quer no domínio da música clássica quanto da música do mundo, oficinas de artes e ciências contemplativas e espaços de partilha, de bem-estar e de criação artística, o festival de Avalon revive a celebração da natureza, da partilha e da descoberta.

2012-07-16

2.as sem carne (melhora para o ambiente, saúde e animais)

(Clique para aumentar)
A Campanha 2.as Sem Carne é um movimento internacional, nascido em 2003 nos Estados Unidos e que visa contribuir para a tomada de consciência por parte de todos para o impacto que o consumo excessivo de carne tem sobre a saúde humana, o ambiente e os animais.
Hoje, esta campanha já está representada em cerca de 24 países e conta com o apoio de inúmeras figuras públicas, como Sir Paul McCartney, e de líderes internacionais dos mais variados quadrantes.

2012-07-15

Simpósio Internacional sobre Recifes de Corais (2012)

Terminou na passada sexta-feira o International Coral Reef Symposium 2012 (ICRS2012) que teve lugar em Cairns (Austrália). O simpósio teve inicio no dia 9 de julho e as notícias decorrentes deste cinco dias de trabalho não são animadoras. Nos mares caribenhos a fração da área ocupada pelo recife que está coberta por corais vivos diminuiu dos 40% a 60% dos anos 70 pra 5 a 10%, e na Austrália a mesma área situa-se situa-se nos 20% em oposição aos 40% de há 50 anos atrás.

2012-07-14

Sleeping in the Forest

(Clique para aumentar)
I thought the earth remembered me,
she took me back so tenderly,
arranging her dark skirts, her pockets
full of lichens and seeds.
I slept as never before, a stone on the river bed,
nothing between me and the white fire of the stars
but my thoughts, and they floated light as moths
among the branches of the perfect trees.
All night I heard the small kingdoms
breathing around me, the insects,
and the birds who do their work in the darkness.
All night I rose and fell, as if in water,
grappling with a luminous doom. By morning
I had vanished at least a dozen times
into something better.

Mary Oliver

Créditos
Foto: The rest is silence, por Ariel Ophelia (Flickr)

2012-07-13

Terráqueos — Earthlings

EARTHLINGS é o mais poderoso e informativo documentário sobre o trágico e imperdoável uso de animais não humanos. Narrado por Joaquin Phoenix e com banda sonora de Moby o filme foi realizado por Shaun Monson, este documentário da Nação Terra foi vencedor de diversos prémios e é obrigatório para uqalquer pessoa que se preocupe com os animais não humanos ou deseje tornar o mundo num local melhor para todos.
Para legendas em pt_PT coloque o cursor sobre o filme e clique no botão vermelho com as letras [CC].


2012-07-12

Acácias contra a desertificação

África responde às mudanças climáticas com uma proposta de uma parede verde com 4.000 milhas (mais de 6 400 km) de comprimento e nove metros de largura. Trata-se de uma plantação de árvores que se estende desde o Senegal a Djibuti. Projetada para travar a desertificação, alguns interpretam o projeto (e de seus benefícios), literalmente, enquanto outros a vêem como mais uma metáfora. Apesar desta divisão, o projeto agora está se enraizando no Senegal, onde já se plantou 50.000 hectares de árvores.
Ver artigo completo aqui.

Créditos
Foto: Acacia tree, por K W Reinsch (Flickr).

2012-07-11

Comportamento moral em animais

Empatia, cooperação, justiça e recirpocidade — preocupar-se com o bem-estar dos outros parece uma característica muito humana; contudo, Frans de Wall partilha connosco alguns vídeos surpreendentes de testes comportamentais em primatas e outros mamíferos que evidenciam que muitas destas características morais são partilhadas com animais não humanos.



Dr. Frans BM de Waal um biólogo e primatólogo conhecido por seu trabalho sobre o comportamento e inteligência social dos primatas. O seu primeiro livro, Chimpazee Politics (1982), comparou a conversas  informais e as maquinações dos chimpanzés envolvidos em lutas de poder com a de políticos humanos. Desde então, de Waal traçou paralelismos entre o comportamento dos primatas não humanos e dos primatas humanos, como o estabelecimento de tréguas  e a moralidade até à cultura. Seu trabalho científico foi publicado em centenas de artigos técnicos em revistas como Science, Nature, Scientific American, e os outras publicações especializadas em comportamento animal. Os seus conhecidos livros — traduzidos para quinze línguas — fizeram dele um dos primatólogos mais relevantes do mundo. Os seus dois últimos livros são nosso Our Inner Ape (2005, Riverhead) e The Age of Empathy (2009, Harmony).


2012-07-10

Garça Morena

Garça Morena em Cananeia, São Paulo, Brasil
(clique para ampliar)
A Egretta caerulea — Little Blue Heron em inglês, Garça Morena ou Garça Azul em português — é uma espécie que, apesar de se encontrar disseminada por todo o continente americano, raramente é vista fora deste. O filme da AidNature.org foi gravado na ilha de S. Miguel no arquipélago dos Açores o que torna o momento algo especial.



Créditos
Foto: Garça Azul (Egretta caerulea), por Dario Sanches — (Wikimedia Commons)

2012-07-08

Baleia no estuário da Ria Formosa

No passado dia 5 uma baleia da espécie Megaptera novaeangliae entrou aciedentalmente na Ria Formosa. Pensa-se que a baleia se tenha desorientadona perseguição de um cardume. A baleia foi ajudada pela Policia Marítima e, depois de três hora na barra, acabou por sair e afastar-se para mares profundos.
O acontecimento foi acompanahdo pela TVI e a reportagem pode ser vista aqui: http://www.tvi.iol.pt/videos/13660826.

Créditos

2012-07-07

A Civilização da Selva, por Vandana Shiva*

Vandana Shiva
(clique para ampliar)
Sim, é possível assegurar que os tigres, as tribos, as árvores e todas as demais formas de vida sejam protegidas e possam continuar sua viagem evolutiva em paz e harmonia, escreve neste artigo, exclusivo para o Terramérica, a ativista indiana Vandana Shiva.

NOVA DÉLHI.- Até há pouco tempo, os indianos se identificavam como Aranya Sanskriti, ou seja, a Civilização da Selva. Segundo o poeta Rabindranath Tagore, a peculiaridade da cultura indiana consiste em sua definição da vida na selva como a mais alta forma de evolução cultural. Em "Tapovan", Tagore escreveu que "a civilização indiana se caracteriza por situar suas fontes de regeneração – material e intelectual – nas selvas e florestas, não na cidade. A cultura que surgiu da selva sofreu influência de diversos processos de renovação e reafirmação da vida, que estão sempre atuando no ambiente selvagem e que variam de uma espécie para outra, de uma estação para outra e em sua aparência, seu som e seu cheiro".

Atualmente temos problemas para proteger nossos sistemas essenciais de apoio á vida e ao coração de nossa identidade como civilização, porque sacrificamos "o princípio unificador da vida em diversidade, do pluralismo democrático, que havia se convertido no princípio da civilização indiana". O fizemos em nome das categorias reducionistas do pensamento ocidental, que desprezam a coexistência. O tigre se opõe à tribo, a tribo se opõe às árvores. A dependência mútua e a afinidade estão sendo substituídas pelo antagonismo, pela polarização e pela exclusão que ameaçam a todos: as tribos, os tigres e a biodiversidade das selvas e florestas.

2012-07-06

Gaia’s Plan

(Clique para ampliar)
Gaia’s Plan Please, don’t sweep the leaves away –
Their essence gives to life’s decay.

Never hack the flowers down –
Their colours bless the laughing clown.

Now why the mowing of the lawn?
The severed grass will lie forlorn.

Let our flora live undressed,
Or under Man, will toil repressed!

I, the tree of standing still –
Erect and proud, and stout of will,
Aglow with motley bark of earth –
Advance my roots for all they’re worth,
Internalising Nature’s bowels
To snag the devil, tweak his jowls
And pull his hairs from whence they grow!
I’ll destroy his pagan show
Of Homo sapiens’ disrespect!

The humble ape must reconnect
With Gaia’s plan!

(Mark R. Slaughter, 2010)


Créditos
Foto: Vale dos Pirilampos, Pinhal do Rei - Marinha Grande, por Ricardo Machado (Flickr).
Ricardo Machado é o autor do blogue Floresta Encantada — www.charmed-woods.com

2012-07-05

Alterações climáticas e evolução (um caso em estudo)

Dodonaea viscosa subsp. angustissima (Narrow-leaf Hopbush)
Dodonaea viscosa subsp. angustissima é um arbusto nativo da Austrália que tem sido alvo de observação cuidada por parte de biólogos vegetais. A comparação da largura da folha desta planta com exemplares de herbário apontam para uma diminuição de, aproximadamente, 2 mm nos últimos 127 anos. Os cientistas Greg R. Guerin, Haixia Wen e Andrew J. Lowe, que tem vindo a estudar esta planta, consideram que a alteração desta característica da espécie se deve às mudanças climáticas que privilegiam a sobrevivência de exemplares com a folha mais estreita. É o processo de seleção natural a acontecer diante dos nossos próprios olhos.

Créditos
Artigo: Guerin, G.R.; Wen, H. & Lowe, A.J. (2012). Leaf morphology shift linked to climate change, Biology letters.Retirado de : http://rsbl.royalsocietypublishing.org/content/early/2012/06/28/rsbl.2012.0458.abstract
Foto: Dodonaea viscosa subsp. angustissima (Narrow-leaf Hopbush), por Arthur Chapman (Flickr)

2012-07-04

Gaia Theory and Deep Ecology


Stephen Harding  doutorado em Ecologia pela Universidade de Oxfdord e professor no Schumacher College fala-nos da teoria de Gaia e das suas relações com o Movimento Ecologia Profunda numa séria de 10 episódios com a duração média de 9 minutos cada (em inglês).

2012-07-03

Poema das árvores



As árvores crescem sós. E a sós florescem.

Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.

António Gedeão

Créditos
Foto: Tree, por Dave Morris (Flickr)

2012-07-02

De policia da democracia a jagunço do ditador (eleito)



O artigo de hoje desvia-se um pouco da temática ecológica subjacente a este blogue; ou talvez não, talvez o problema resida na ecologia dos poderes. De qualquer maneira aqui fica.

O défice (económico) madeirense tem sido alvo de grande debate tendo até nome o buraco da Madeira; contudo há outro défice no arquipélago que tem sido muito menos badalado nos órgãos de comunicação social: é o défice democrático que há décadas existe naquela região. Hoje, nas comemorações do dia do Arquipélago, tivemos a oportunidade de assistir a mais um espetáculo degradante: a expulsão do deputado madeirense José Manuel Coelho do local onde decorriam as cerimónias comemorativas.